Conclusões do Sínodo a nível paroquial

A comunhão

A comunhão é viver sãmente com toda a comunidade. A comunidade que nos está mais próxima, como os grupos em que estamos inseridos, mas também com os que estão mais longe e que, por vezes, até são nossos inimigos. Viver em comunidade é ter consciência de que todos precisamos de todos, não podemos viver isoladamente. Para tal, devemos viver conciliados e reconciliados com Deus, connosco, com quem nos rodeia e com Jesus Cristo, já que Jesus é sempre a base. Não nos podemos esquecer de que a Igreja é movida pelo Espírito Santo e Jesus está no meio dela. Jesus ama-nos profundamente e com o Amor de Deus tudo se ultrapassa. Desta forma, conseguiríamos partilhar, disponibilizarmo-nos e desenvolvermo-nos todos mais sadiamente e haveria momentos em que deixaríamos os nossos afazeres e juntar-nos-íamos ao grupo para ajudar o outro, independentemente da religião e comungaríamos do sofrimento do outro, com o que está ao nosso redor, como é agora o caso da guerra, pois também temos de ter comunhão com os pecadores. É de referir, igualmente, que a comunhão existe com os vivos e com os mortos.

No entanto, existem várias dificuldades que podem surgir na Comunhão, como é o caso das desavenças, dos mal-entendidos, de uma palavra mal dita e que é mal percebida, o que se traduz em maus exemplos. Por outro lado, existe também a crítica desconstrutiva, quando se critica tudo só por criticar, incluindo a Igreja e esquecendo-se que todos somos Igreja. O mesmo acontece quando não se sabe respeitar a opinião do outro e assim se criam atritos, até entre grupos semelhantes, porque existe um protagonismo doentio. A juntar, há quem se deixe levar pela soberba e não se aperceba de que o Diabo divide, pois dão a entender que estão a ser influenciados por algo mau e fixa-se mais o mal do que o bem. Por isso, muitas vezes, há mais dificuldades internas do que externas. Temos ainda o isolamento, o individualismo, os interesses pessoais, a comunicação ou falta dela, a maledicência, que nos empurram para a ausência de Deus e faz com que façamos as coisas mais terríveis e sem Deus, não somos nada! Assim sendo, para fomentarmos e criarmos a Comunhão deveríamos ser ainda mais tolerantes, apesar de alguns entenderem que já existe tolerância em exagero. Este tema deveria ser mais debatido em reuniões do Conselho Pastoral e Paroquial, até para se pensar em maneiras de atrair voluntários para as várias tarefas, pois há ausência de voluntários. É preciso diálogo, partilha, convívios, escutismo. Para tal, dever-se-ia dinamizar e incentivar momentos em que a partilha de ideias ou de oração comum fosse o cerne, mas, para isso, era preciso mais pessoas a colaborar e aí o papel dos movimentos era fulcral. Seria necessário criar equipas de acolhimento a quem vem de fora. Todavia, quem vem de fora também deveria deixar-se cativar e até a Igreja estar aberta mais tempo ajudaria nessa questão. Por outro lado, deveria de existir a humildade de reconhecer as faltas. A juntar, os diversos grupos culturais poderiam participar também na espiritualidade e criar um grupo de oração pelas necessidades da paróquia, como os doentes, os desempregados, os problemas familiares, os problemas sociais e aí atrair-se-ia mais gente através do bem e da sinceridade, até porque a vida tem de ser vivida em grupo, em colaboração e em cooperação.

A participação

Uma forma de participar na Igreja é dar o nosso contributo sem nos pedirem ou, então, no que nos pedirem, pois participamos dando o que temos e, às vezes, pensamos que não temos qualidades e temos, para isso não devemos julgar nada nem ninguém. Há muito para fazer e se somos convidados a participar, devemos dizer sim e participar também com a Igreja, disponibilizando-nos para trabalhar em comunidade, ou seja, com o padre e com os grupos paroquiais. Assim sendo, deveríamos sentir a obrigação para participar, para levarmos um melhor esclarecimento aos outros e não sentirmos medo em participar, em convidar os outros a participar e sentir alegria por participar. Também devemos ter a humildade de mudarmos e não nos apegarmos ao lugar, pois devemos fazer cada dia o melhor que podemos, dar a nossa vida de cristão na Igreja e na sociedade, mas, para isso, também se deveria participar em ações de formação.

Contudo, existem entraves para a participação plena das pessoas na Igreja, como é o caso das pessoas divorciadas, das que vivem em união de facto e até de viúvos que refizeram as relações e não têm aceitação na vida cristã, como se verifica no ato da comunhão que, muitas vezes, lhes é negada. Por outro lado, as pessoas não querem compromissos, porque a sociedade mudou muito, os trabalhos são muito exigentes, a vida pessoal também alterou, os jovens participam pouco porque há muita oferta para eles na sociedade e, muitos, não participam com receio de serem gozados/criticados pelos outros, porque, possivelmente, existe fraco testemunho dos que estão ligados a certos ministérios e tornam-se um desincentivo para os outros. A juntar, os próprios padres deveriam incentivar mais para a leitura da Bíblia e incentivar os fiéis a participar mais. Todavia, as pessoas não sabem o que é a Igreja, até pela fraca formação religiosa que possuem e também cultural e social.

No entanto, para combater este afastamento e promover a participação dos fiéis deveriam existir convívios, onde se privilegiaria a conversa direta com as pessoas e estar-se-ia mais perto dos fiéis. Os padres deveriam estar mais libertos, ou seja, terem menos trabalho burocrático e usufruírem ajuda por parte de outros nesse aspeto. Promover mais a Bíblia e a sua mensagem, pois se o cristão souber a razão da sua fé torna-se muito mais fácil cativar, mais fácil tê-los inseridos na sociedade, pois, apesar de tudo, há pessoas ativas que vão participando e fazendo o que podem. O escutismo é igualmente fundamental. Seria também importante criar movimentos que levassem a um maior empenhamento por parte dos fiéis, como o movimento carismático, os encontros de oração, entre outros, pois os que estão dentro da Igreja deveriam dar-se mais aos outros e as sessões formativas com testemunhos reais, como cristãos praticantes são exemplos que tocam mais as pessoas e as cativam ainda mais.

A missão

A missão essencial da Igreja é a evangelização, ou seja, levar o Evangelho a nós e aos outros e, para isso, tem de ser uma Igreja de discípulos missionários (evangelizadores e evangelizados). Para se ser um discípulo missionário não devemos estar desligados de nada, tudo o que fazemos deve ser evangelizador, mesmo na parte mais caritativa pelo seu próprio exemplo, já que devemos evangelizar pelo nosso testemunho, levando Cristo ao outro, que é a missão de um batizado. Assim, devíamos espalhar o nosso conhecimento aos outros, ainda que seja sempre pouco, mas o exemplo e o testemunho de cada um, sendo crível, é fundamental, uma vez que se pode evangelizar pela e através da Palavra, levando a Boa Nova aos outros, na medida em que Cristo continua vivo no meio de nós. Deveríamos deixar-nos conduzir a Cristo, conhecendo melhor Jesus Cristo, o que foi a sua vida e anunciando-o. Todavia, as pessoas também se deveriam predispor a receber mais formação.

Em contrapartida, existem várias dificuldades que podem surgir à missão da Igreja no mundo, pois existem muitos povos em que o Cristianismo não pode ser exercido livremente e a Igreja sofre por causa das ditaduras e totalitarismos, na medida em que há regimes que controlam tudo o que é religião e acabam por não deixar fazer nada e existem, também, zonas que já foram cristãs e agora estão descristianizadas e tem de existir uma nova evangelização. É preciso propor Cristo não o impondo, pois não deve existir proselitismo e as pessoas mais afastadas deveriam deixar-se cativar. Existe indiferença do Ser Humano, o que leva a que não haja atração por nada, por causa do culto do Eu, do materialismo, do pensamento de que a Ciência ainda não explica tudo, mas é ela que tem o direito de explicar. Temos de ter em consideração que a Igreja é uma comunidade, ao contrário do culto do Eu e é muito mais difícil evangelizar estas pessoas. A juntar, a carga sociológica alterou-se, as mudanças na vida pessoal (matrimónio – divórcio) levam-nos a ter outros pensamentos e ainda existe o medo e a fuga do compromisso, que é visto como o oposto à liberdade, porque ocupa muito tempo, não há consciência de que é um compromisso com o outro e com Deus. Por outro lado, e não menos importante, foi o aparecimento de seitas com ideias contrárias, mas que arrastam imensas pessoas e levam-nas a não pensar na sua origem.

Para combatermos todos estes fatores, e para que as paróquias possam levar a cabo a missão de uma Igreja melhor, poder-se-ia promover a Escola de Formação, a criação de grupos de Catequese para adultos, pois a Catequese terá de se transformar em Catequese familiar, promover os movimentos carismáticos, valorizar os elementos de religiosidade popular, pois os sinais são importantes. É de referir que as associações de fiéis (confrarias) caíram em desuso, porque surgiram outros que têm espírito de grupo e nós vamos ter de ter o mesmo espírito e cada um, leigos, fazermos ainda mais coisas, pois são princípios que abrem o espírito das pessoas e aí percebe-se que não sabemos nada e a partir daí vamos participar noutra coisa, exemplo de fé, do testemunho, da consciência de que somos Igreja e é uma novidade para muita gente quando se comprometem com algo e a partir dali convidam outros. Para tal, é preciso mostrar que Cristo está vivo, é preciso levá-lo a todos e Ele está em todos. No entanto, a linguagem da Igreja tem de ser mais explicada, até porque as pessoas não frequentam e a missa não é suficiente. Então, temos de usar outros meios, como as redes sociais, com pequenos vídeos, pequenas palavras, promover muitas iniciativas de ordem social, onde também se prega a Palavra, pois cada vez temos de usar grupos concretos só para determinado objetivo, com algo concreto para que se possa evangelizar, onde se use muitos símbolos, onde seja o próprio a fazer, pois têm de ser eles a sentir o que estão a fazer, seja no que for, quer seja uma caminhada, uma visita a monumentos ou um trabalho manual, mas recorrendo a imagens, já que a simbologia é fulcral e temos de pensar que temos pessoas que sabem muito pouco da nossa fé e que para eles tudo é válido e é preciso mostrar-lhes que as coisas não são estáticas. Logo, a religião também não o deve ser.

 

Análise dos questionários

Responderam ao questionário 77 pessoas. De entre estas, 25 eram do sexo masculino, 46 do sexo feminino e 7 não responderam. Na faixa etária até aos 30 anos, responderam 7 pessoas. Entre os 31 e 64 anos, responderam 35 pessoas. Com 65 anos ou mais, responderam 35 pessoas. Uma não respondeu à idade.

No respeitante à importância da religião na sua vida, 1 respondeu que não era nenhuma, 17 alguma e 59 muita.

Quando questionados se professavam alguma religião, 75 afirmaram que sim e que é a cristã católica e 2 mencionaram que não professam nenhuma.

No que concerne em ser um “cristão praticante”, 44 pessoas assinalaram a Missa ao Domingo e a Comunhão Pascal; 51 desejar e fazer bem a todos, mesmo aos inimigos; 58 procurar fazer em tudo a vontade de Deus; 1 formação, ou seja, Catequese; 1 acreditar no destino, que pode ser alterado através das nossas ações; 1 em ser bom e fazer o bem aos outros, ajudar aqueles que precisam, dando-lhes e ensinando-os a serem autossuficientes, dar aos inimigos é um pouco mais complicado, partindo do princípio que um bom católico não é suposto ter inimigos e 1 rezar por nós e pelos outros.

Na pergunta em que a Igreja Católica ouve e tem em conta a opinião das pessoas, 30 afirmaram que sim, 7 não e 40 nem sempre.

Na pergunta para indicar os pontos mais positivos e os mais negativos na forma como a Igreja Católica realiza hoje a sua missão, foi mencionado o seguinte: como aspetos positivos: a Evangelização; a liderança do Papa Francisco, uma vez que a Igreja Católica sente e ouve mais o mundo e a caridade assistencial. Como pontos mais negativos: a hierarquização da Igreja; a falta de testemunho dos fiéis; a formação de muitos padres que continuam com um discurso afastado da realidade, catequizador e que na prática não chega às pessoas; a formação litúrgica não dá frutos; a conservação de ritos e costumes desadequados aos tempos modernos por serem bastante antiquados; a Igreja não se deve imiscuir na política; deveriam de ser aproveitados os sacerdotes que deixaram de exercer por vários motivos; a Palavra de Deus nas Eucaristias dominicais tem falta de participação juvenil; cativar as crianças, os jovens e os adultos com novos ensinamentos, com mentalidade mais aberta; celebração penitencial comunitária; valorização das festas/solenidades litúrgicas e presença mais ativa, de maior proximidade do pároco, estando liberto de tanta burocracia; fomentar a proximidade entre famílias; maior envolvimento da comunidade em momentos diversos da vida comunitária; criar equipas de oração; criar equipas de acolhimento; promover encontros de jovens; moderar a maledicência.

Foram também sugeridas melhorias sobre a realidade e os problemas concretos da paróquia.